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Cloud é apenas outro nome para Outsourcing?

fevereiro 7, 2011

Volta e meia debato o assunto Cloud Computing em eventos e reuniões com clientes. Interessante que ainda observo que cloud ainda é visto por muitos, como um conceito meio abstrato e amorfo. Para um executivo tomar a decisão estratégica de ir para nuvem, é abolutamente necessário que ele compreenda os seus reais beneficios (e é claro, as suas limitações). Cloud não é algo que se compra, como uma caixinha de software, mas um modelo computacional que se constrói ao longo do tempo. O sucesso da adoção de cloud mede-se pelos benefícios que o negócio obterá com sua adoção. Não é portanto, apenas uma decisão técnica, a cargo de analistas de suporte, mas uma decisão de negócios.

Um questionamento que sempre ouço é se cloud não é apenas outro nome para outsourcing. Vale a pena debater este tópico aqui. Para mim cloud é uma outra forma de outsourcing sim, mas apresenta muitas diferenças quando comparado ao modelo de outsourcing que tradicionalmente conhecemos. Com cloud podemos “externalizar’ serviços específicos e não apenas o “all-or-nothing” que comumente vemos hoje. O modelo de terceirização atual prevê contratos de longa duração e os serviços contratados em nuvem podem ser por tempos curtos e on-demand (um projeto ou uma ampliação momentânea da capacidade computacional) e pagamentos pela utilização dos recursos (Pay-As-You-Go).

Na verdade, IT está cada vez mais indo na direção de ser um conjunto de serviços externos. Usamos salesforce.com ou Google e não falamos em outsourcing de CRM ou email…Na minha opinião esta tendência vai se acelerar, ao ponto que no futuro provavelmente não iremos adquirir primeiro uma tecnologia e depois terceirizá-la. O modelo mental será primeiro pensar em serviços externos. O modelo será IT-as-a-Service. Esta mudança, ao longo dos próximos anos, afetará os usuários de TI e os provedores de outsourcing, que terão que se adaptar ao novo modelo.

O grande desafio atual é separar o que é hype do que é real. Ainda vemos muitas desinformações e simplificações excessivas entre fornecedores de cloud e eventuais usuarios destas nuvens. Cloud pode assumir diversas facetas. Os serviços oferecidos em nuvem podem ser de infraestrutura (IaaS), plataforma (PaaS) ou software (SaaS).
Vamos fazer uma analogia com a Internet. Internet como um todo é algo vago, mas quando a subdividimos em coisas palpáveis como comércio eletrônico, mídias sociais, correio eletrônico, buscadores, etc, fica mais tangivel e fácil de perceber seu valor.

Com cloud é mesma coisa. O uso de serviços como IaaS podem permitir a pequenas e médias empresas usufruirem de recursos tecnológicos antes impensáveis. Uma empresa pode dispor de 200 ou 300 servidores quase que instântaneamente e pagar apenas pelo seu uso real. Não precisa adquiri-los e instalá-los fisicamente em um data center próprio. Não será impossível de vermos futuros negócios se instalando em um ponto comercial apenas adquirindo assinaturas de luz, telefonia e IT. Sua infra de IT será basicamente tablets, smartphones e browsers. Tudo o mais poderá estar nas nuvens.

Mas a decisão de adotar o modelo de cloud não deve ser meramente tático. Vamos relembrar o comércio eletrônico e o Internet banking. No inicio havim muitas duvidas e receios, mas pouco a pouco se disseminaram e hoje é impensável vivermos sem eles. Estas duas tecnologias criaram novos negócios e mudaram radicalmente muitos outros (transformaram processos internos, relacionamentos com clientes, abrangência de mercados, etc) e cloud terá provavelmente impactos tão grandes ou maiores.

O que temos que fazer hoje é analisar com mais cuidado o modelo de cloud, separar o hype do real, buscar parceiros e provedores que saibam o que estão falando (e que inspirem confiança) e começar a agir. Estamos, é claro, no início da curva de aprendizado e com certeza não veremos especialistas com 20 anos de experiência em cloud! Mas, na minha opinião se ficarmos parados esperando que o trem saia da estação, podemos perdê-lo. Os que ficarem para trás podem perder espaço no mercado, como as empresas que demoraram a adotar o comércio eletrônico tiveram que suar muito para recuperar (e muitas não conseguiram) o espaço perdido para os seu concorrentes.

Meus amigos, saio em férias agora em fevereiro e por incrível que pareça consegui 30 dias. Assim, estarei de volta no início de março e em 14 de março os posts retornam. Enquanto isso, os convido a lerem os posts anteriores. O blog começou em agosto de 2009 e lendo os textos de lá para cá teremos uma boa idéia da evolução do conceito.