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Cloud Computing: pensando alto

maio 31, 2010

As últimas conversas com executivos de TI e de negócios envolvidos com iniciativas de cloud computing me permitiram criar alguns insights que gostaria de compartilhar aqui. Uma questão é porque Cloud Computing e SaaS tem despertado tanto interesse? Quando analisando a proposta da computação em nuvem vemos que ela conecta o preço que o cliente paga por uma solução ao valor da própria solução e não ao dos componentes de tecnologias que estão por trás. Explicando melhor. Imaginem uma área de negócios que precisa de um determinado aplicativo. Para operar este aplicativo ela tem que comprar alguns servidores e seus softwares basicos. Tem que fazer um estudo comparativo entre tecnologias e analisar o custo de propriedade envolvido. Ela tem que analisar com cuidado este custo de propridade pois um servidor de maior capacidade pode significar um custo de licença maior, mesmo que a funcionalidade do aplicativo seja exatamente a mesma. Mas, este é o modelo tradicional de compra de software aplicativos praticado hoje pela indústria. O que este modelo faz? Faz com que o usuário tenha que se preocupar com a plataforma tecnológica no qual seu aplicativo irá rodar. O custo total da solução envolve o aplicativo e toda a parafernália tecnológica por trás.

 Com o modelo de SaaS em computação em nuvem a atenção se desloca para as funcionalidades da aplicação. Ou seja a preocupação passa a ser com o que a solução vai fazer e não como ela vai ser implementada. Não é necessário comprar servidores ou fazer estudos de custo de propriedade.

 O modelo de computação em nuvem desloca o foco de produto para o de serviços. O usuário deixa de prestar atenção nos produtos (e tecnologias) em si e começa a se focar nos serviços prestados. Ou seja para ter sua roupa lavada, seu objetivo, em vez de comprar máquina de lavar, ele busca alguém que lave a roupa para ele. Esse alguém é que passa a ter a responsabilidade de comprar e operar a máquina de lavar roupa. Qual marca e qual sabão será usado será responsabilidade do provedor. O cliente recebe e paga apenas o serviço.

 Outra consideração interessante é que a maioria das iniciativas de cloud que tenho visto se concentram ou na camada de IaaS (infastruture-as-a-Service) como ofertado pela Amazon ou na camada de SaaS (Software-as-a-Service) como o modelo Salesforce.  A camada de PaaS (Platform-as-a-Service) tem andado bem mais devagar. Na minha opinião o modelo SaaS é o de mais fácil implementação e tende a ser o ponto de entrada das empresas no conceito de cloud computing. Outros cenários que começam a despertar interesse para operarem em cloud são aplicações web (quase não existem razões para não colocar em cloud as aplicações web), email e colaboração (vale a pena pensar seriamente no assunto) e desenvolvimento e teste de aplicações (gol dentro).

 De maneira geral estimo que as iniciativas de IaaS serão, por parte de grandes empresas, criações de nuvens privadas, com objetivo de reduzir custos. A IBM por exemplo oferece uma solução que se propõe a criar nuvens privadas, chamada CloudBurst, que pode ser vista como um “Amazon EC2 dentro de casa (private cloud)”.  Já as SaaS começarão por aquelas aplicações com poucas exigências de integração. Quanto mais stand alone, mas fácil colocar em SaaS. Quanto a PaaS vemos que ainda é um setor imaturo, com poucas empresas conhecidas do mundo de TI atuando forte. Mesmo a iniciativa do Google (Google Application Engine) tem apelo limitado para o ambiente empresarial (não tem suporte para bancos de dados relacionais, por exemplo), sendo mais focado no usuario final. Para o PaaS ser encarado mais seriamente no contexto empresarial será necessário o surgimento de um ecossistema mais vibrante, com empresas conhecidas do setor de TI atuando de forma mais consistente.

 Por outro lado, as questões de segurança e privacidade aparecem em primeiro lugar quando abordam-se as duvidas e temores. A lista de preocupações é extensa e inclui localização dos dados, isolamento dos dados de uma empresa de outra, os aspectos regulatórios e suas restrições, o risco de lock-in e as condições de portabilidade de uma nuvem para outra, integração entre aplicações nas nuvens e on-premise, a imaturidade da maioria dos provedores, falta de padrões, falta de skills, questões de licenciamento de software e mesmo se o provedor terá sustentabilidade econômica para manter o modelo ao longo do tempo. Claramente cloud computing é um “work in progress” e muitas das respostas só virão com a maturidade do conceito e de suas tecnologias. Mas o importante é começar.

 E como começar? Primeiro analise quando de ganho você teria ao deslocar os custos de capital para custos operacionais (trocar capex por opex). Analise se você teria condições de manter opex menor que o provedor. Um exemplo prático: o Salesforce opera 77.000 clientes em 3.000 servidores, espalhados por 3 data centers. No modelo tradicional, com cada cliente tendo seus próprios servidores, provavelmente seriam necessários cerca de 100.000 ou mais servidores para atender esta demanda. No modelo de cloud são necessários apenas 3% desta capacidade. Este mesmo raciocínio pode se aplicar a uma empresa, que poderia simplificar em muito sua base de servidores.  Assim, se seu opex for maior que o do provedor, identifique alguns workloads que sejam candidatos à operarem em nuvens publicas. Comece por eles e aprenda a usar a nuvem. Existe muita a coisa para aprender.

 Por exemplo o modelo de pay-as-you-go vai exigir que você saiba antecipadamente quanto terá que pagar. Como na conta do celular. Você não gostará de ser surpreendido com uma fatura de mil reais porque usou o celular além da conta…o mesmo acontecerá com cloud computing em nuvens publicas. O fato dos recursos computacionais estarem à disposição e é só usar, não significa que não precisamos conhecer sua estrutura de custos e validar se estaremos dentro do budget ou não. Surge um fenômeno chamado “on-demand overspending” que é exatamente usar o modelo pay-as-you-go sem limites.

 E ao migrar para nuvens publicas, você já planejou como ficará sua área de TI? Uma empresa operando em nuvens publicas ainda terá sua área de TI, embora com papéis diferenciados. As atividades que requerem alto grau de expertise tecnológica sem maiores necessidades de conhecimento do negócio (analistas de suprte e operadores, por exemplo) saem de dentro de casa e vão se concentrar nos provedores. A área de TI passará a concentrar profissionais que dominam o negócio e que interagirão com os provedores de nuvens, como analistas de negócios e arquitetos de software. Enfim, muitas mudanças à vista.

Cloud Computing e os desenvolvedores

maio 24, 2010

Cloud Computing está se disseminando e impactando modelos de negócios de empresas de TI já estabelecidas. No curto prazo provavelmente veremos as implementações de soluções em Coud complementando as soluções já existentes no modelo tradicional. Mas no longo prazo o modelo em nuvem deverá substituir gradualmente o modelo computacional atual. Entretanto, seus efeitos já se fazem sentir. Recentemente  a Microsoft teve que se dobrar a este novo cenário e começou também a ofertar neste modelo a sua suite Office, sua principal fonte de receita, que gerou 18,9 bilhões de dólares em 2009.

 As estratégias de adoção variam de acordo com o porte e maturidade das áreas de TI das empresas. As grandes corporações estão dando seus primeiros passos na direção do Cloud Computing adotando nuvens privadas, enquanto pequenas empresas optam por nuvens públicas. Entretanto, os provedores de nuvens públicas criaram plataformas próprias para desenvolvimento de aplicações em nuvem e neste momento ainda inicipiente de mercado, tentam conquistar as corações e mentes dos desenvolvedores. Aliás, estamos começando a reviver uma outra guerra por espaço (lembram-se do debate interminável entre .Net e Java?), mas agora com Amazon, Google, Salesforce (com force.com) e Microsoft (Azure) tentando conquistar este mercado. Sim, é um alvo importante, pois os desenvolvedores é que na prática, são os responsáveis por conectarem as organizações à suas nuvens. A IBM, por sua vez, tem um approach diferente, que a deixa fora desta briga por ferramentas para nuvens públicas. Aposta que, pelo menos no início, os desenvolvedores usarão sim o modelo de cloud, mas para criar aplicações que rodarão no ambiente tradicional ou em nuvens privadas. Não foca no desenvolvimento de aplicativos para rodarem em nuvens públicas. Pessoalmente, eu acredito que esta opção seja bem interessante para empresas de médio a grande porte, que tenderão a manter seus data centers internamente, usando-os em nuvens privadas.

 O cenário atual ainda está indefinido. Os desenvolvedores tem que criar aplicativos para uma plataforma em nuvem pública específica, aplicativos estes que não rodarão automáticamente nas outras nuvens. O risco de lock-in está bem presente. Estes desafios são barreiras que acabam impedindo uma maior e mais rápida disseminação da computação em nuvem.

 E o que os desenvolvedores precisam e demandam para que o cenário de Cloud Computing deslanche? Não fiz nenhuma pesquisa exaustiva, mas conversando aqui e ali com amigos que ganham a vida desenvolvendo sistemas, coletei alguns insights. Antes de mais nada eles querem ferramentas fáceis de usar para desenvolver seus aplicativos para rodar em nuvens, ferramentas estas que também estejam disponíveis neste modelo, ou seja, “pay for use”. Além disso, de maneira geral os desenvolvedores que trabalham em ISVs e em pequenas empresas não tem muito budget à sua disposição e como muitas vezes defrontam-se com falta de suporte em seus próprios data centers querem soluções self-service. Também é necessário que exista uma API universal e aberta, que lhes permita escrever uma aplicação que rode em qualquer nuvem. Não querem ficar submetidos à lock-ins. Precisam também que existam ferramentas que permitam integrar de forma fácil, aplicativos que rodem em uma nuvem a sistemas que estejam rodando em outras nuvens, sejam estas públicas ou privadas. E a sistemas que já estejam rodando em ambiente on-premise. E o que eles encontram hoje? Se adotam IDEs (Integrated Development Environment) acoplados a uma plataforma específica, como GAE (Google Application Engine) ou force.com descobrem que estas ferramentas são boas apenas para desenvolver aplicativos para estas nuvens especificas e proprietárias. A Microsoft recruta os desenvolvedores para nuvens dentro de sua comunidade de desenvolvedores que conhecem .Net e querem (ou são forçados) continuar  com esta tecnologia. Enfim, todos eles buscam criar e expandir os lock-ins para suas nuvens.

 Então, o que os desenvolvedores querem são sonhos de uma noite de verão? Esperam que  a indústria crie soluções que lhes permitam desenvolver aplicações para rodar nas nuvens, mantendo o maior grau possivel de similaridade com as atuais ferramentas. Claro que, pelo menos no início, querem criar aplicativos para as nuvens sem mudar a maneira como fazem aplicativos hoje, mas ao longo do tempo demandarão novas ferramentas, mais adequadas ao desenvolvimento para cloud. Na verdade muita coisa já está sendo feita. Por exemplo, em integração, a recente aquisição da Cast Iron pela IBM é um passo na direção de disseminar o Integration-as-Service ofertado pela Cast Iron como parte fundamental do processo de integração de aplicativos em nuvens. Esta integração é necessária tanto com aplicativos que estejam em outras nuvens ou com os que que estejam rodando on-premise em servidores localizados nos data centers das próprias empresas.

 De maneira geral que ações posso sugerir aos meus amigos desenvolvedores? Bem, antes de mais nada seria bom que eles compreendessem mais profundamente o que é Cloud Computing, suas restrições (cuidados com lock-ins e as questões de segurança em nuvens públicas) e beneficios. Devem manter-se bem informados sobre a rapida evolução do conceito e de suas tecnologias e ofertas. Sugerir também que comecem a desenvolver pequenos aplicativos em nuvem, testando e validando seus conceitos. Usar uma nuvem para desenvolver um aplicativo é uma boa maneira de se entender o próprio conceito de Cloud Computing e dominá-lo.

 E como estamos falando em desenvolvedores, uma tecnologia que os desenvolvedores para nuvens devem aprender a usar é a Hadoop. À medida que a computação em nuvem se dissemina, entender e dominar esta tecnologia vai se tornar mais e mais importante.

Um bom sinal da sua importância são os investimentos dos VCs em start-ups nesta área. Agora há pouco uma start-up focada em Hadoop chamada Karmasphere (www.karmasphere.com) obteve 5 milhões de dólares. Uma outra, Cloudera (www.cloudera.com), já havia levantado 11 milhões de dólares. Quando VCs se interessam por algo é que acreditam que irão recuperar este investimento muitas vezes e em pouco tempo.

 A evolução do Hadoop tem sido bem rápida. Ele se tornou um projeto top-level da Apache Software Foundation em janeiro de 2008 e em março de 2009 saiu o anúncio oficial da Cloudera, start-up originária deste projeto.

 Tem um case muito interessante de uso prático do Hadoop que é o projeto BigSheets da IBM (http://www-01.ibm.com/software/ebusiness/jstart/bigsheets/). É um “insight engine”, construída em cima de um conjunto de várias tecnologias como Hadoop e outras, além do ManyEyes (tecnologia de visualização) que permite extrair montanhas de dados e visualizá-los rapidamente. Um dos primeiros clientes a usar esta tecnologia é a British Library, que a está usando para analisar imensos volumes de dados não estruturados. Este projeto é muito interessante. Parte do princípio que a vida média de um site na Web tem sido de 44 a 75 dias e portanto, a cada seis meses, 10% do conteúdo das Web pages do Reino Unido se perdem. A idéia é usar o BigSheets para extrair, anotar e visualizar estas páginas, para que seu conteúdo, que faz parte da cultura digital do país,  não seja perdido. Não é uma tarefa simples. A British Library recebe uma cópia de cada publicação produzida no Reino Unido e além do material em papel, ela vem arquivando páginas selecionadas da Web desde 2004. O BigSheets, além do Hadoop usa outras plataformas open source como o Nutch (http://nutch.apache.org/), para pesquisas na Web e o Pig (http://hadoop.apache.org/pig/), para análise de grandes volumes de dados. O BigSheets é um projeto que roda em uma nuvem privada e é um bom exemplo de software concebido para operar em nuvem desde seu início. Ah, querem ver um test drive do BigSheets? Acessem os arquivos Web da própria British Library em http://www.webarchive.org.uk/analytics/analytics.htm.

Cloud Computing e os canais de vendas

maio 17, 2010

Cloud Computing e SaaS vão afetar profundamente o atual modelo de negócios dos canais de vendas de hardware e software de middleware. Com certeza alguns destes canais vão sobreviver e até se expandir, mas muitos ficarão pelo caminho…Porque?

 Bem de maneira geral entendo que existem 3 modelos básicos de canais: (a) o simples “box mover”, que basicamente vende hardware e software, sem maiores envolvimentos com serviços de suporte e integração, competindo unicamente por preço, (b) os que oferecem além da venda, serviços de suporte e integração, e (c) os canais voltados a serviços, que podem ser ISVs (provedores de aplicações ) ou empresas integradoras, que agregam à venda de harware e software um ou mais aplicativos e os serviços de implementação correlatos. Estes ultimos canais competem na base do valor agregado da solução.

 Embora as proposições de valor dos três tipos de canais difiram entre si, a base de seus modelos de negócios é uma parceria com o provedor de hardware e software de middleware, de modo que possam comprar seus produtos um preço menor que os clientes pagariam indo diretamente a estes provedores. Dependendo do tipo de canal a lucratividade depende basicamente do valor do desconto fornecido pelo provedor de hardware e software e pelo tamanho do contrato de implementação e suporte.

 Dos três tipos de canais me parece óbvio que o primeiro tipo, “box mover”, corre um imenso risco de sofrer desintermediação e simplesmente desaparecer. Os do segundo tipo ainda correm riscos. Principalmente quando os seus clientes migrarem para aplicações SaaS. Já os canais focados em serviços tem grande oportunidade de se transformarem em parceiros para os provedores de Cloud e SaaS.

 Mas, o que veremos de mudanças nos modelos de negócios? A tabela abaixo resume o que é hoje o modelo de negócio de um canal atual e o que deverá ser no mundo Cloud e SaaS: 

  Modelo atual Modelo Cloud/SaaS
Fluxo de caixa Recebimento na entrega Pagamentos mensais
Modelo de atuação Vendas transacionais e papel técnico Parceiro de negócios
Ênfase das vendas Produto Serviços
Ênfase do suporte “Break/fix” Orientado por SLA

 

O que estas mudanças signficam? Olhemos por exemplo o fluxo de caixa. O modelo SaaS implica em receitas “pingadas” ao longo do tempo e provavelmente margens menores que as atuais. Este modelo também elimina os serviços de implementação e upgrades de versões, uma vez que o software já está hospedado na nuvem do provedor do aplicativo. Os canais que ganham dinheiro com esta atividade terão que substitui-la por serviços de integração do SaS com outros aplicativos. Deverão se focar mais nas funcionalidades dos aplicativos (mais focado no negócio do cliente) e menos nas questões tecnológicas. Os clientes que contratavam servidores e suporte técnico para instalar e atualizar seus sistemas operacionais, com uso de nuvens  públicas, dispensam estas atividades, que ficam agora a cargo do próprio provedor da nuvem.

 O relacionamento torna-se menos transacional e muito mais voltado a uma parceria de negócios. A venda deixa de ser meramente um produto (como o cliente vai usá-lo é  hoje indiferente ao canal…) para ser um contrato de serviços, com  valor agregado. Por exemplo, para softwares comercializados pelo modelo SaaS não é necessário um canal intermediário de vendas, pois estas são feitas diretamente pelo provedor. Mas o canal pode prover aditivos, como extensões de funcionalidades próprias, treinamento e consultoria no uso do aplicativo.

 Uma analogia muito simples pode ser a comparação com agências de viagens. Antes da Web, o usuario precisava destes intermediários. Com as empresas aéreas vendendo diretamente pela Internet, o papel das agências teve que mudar radicalmente. Só vender passagens tornou-se totalmente dispensável. Vamos olhar agora o segmento de venda de servidores. Antes do modelo Cloud Computing o cliente do segmento de pequenas a médias empresas (SMB) precisava de um canal de vendas pois os provedores de hardware não tinham capilaridade para atendê-los. No modelo em nuvem, para adquirir um servidor virtual, basta ir ao portal do provedor da nuvem e em minutos tem-se um servidor. Para que então o canal? Os canais, para sobreviver, devem, portanto, se transformar em empresas de valor agregado.

 Claro que toda mudança traz alguns desafios. Os canais devem antes de mais nada repensarem a si mesmos, definindo o que querem ser. E podem surgir alguns conflitos, como por exemplo, um overlap dos papéis entre os canais e os provedores de SaaS. Onde termina o papel de um e começa o do outro? De quem é o cliente? Quem pode assinar um contrato de SLA com o cliente?

 Enfim, os canais tem pela frente desafios e oportunidades. Os canais que fizerem a transição bem sucedida podem se tornar atores de peso no novo cenário. Os outros…

Entrevistas sobre Cloud Computing

maio 11, 2010

Algumas entrevistas sobre Cloud. Se vocês tiverem paciência para ler…

 1)     Na excelente revista Fonte, editada pela Prodemge, que traz uma extensa reportagem  sobre Cloud Computing, em http://tinyurl.com/y8sg8wg .

2)     Na TI Digital,   em http://www.arteccom.com.br/revistatidigital/downloads/12/link_12_4047.pdf

Cloud Computing em governos

maio 5, 2010

O assunto cloud computing é um dos temas mais quentes que apareceram nos ultimos anos, e vem despertando muita curiosidade e interesse. Não poderia ser diferente para os órgãos e gestores de governos. Nos ultimos meses participei de vários e alguns até mesmo apaixonantes debates com gestores públicos onde o tema foi cloud computing e sua aplicabilidade no governo.

 Os interesses em cloud computing são óbvios: o setor público está sempre as voltas com restrições orçamentárias, mas ao mesmo tempo recebe mais demanda de serviços a serem prestados a seus usuários, sejam estes servidores públicos ou cidadãos. Além disso, vem investindo em tecnologias de virtualização, o que é o primeiro passo para se pensar em cloud computing. Surge então a questão: cloud computing se aplica aos governos e se sim, como?

 Tem sido mais ou menos acordado que os governos tenderão a se concentrar, pelo menos no início, na adoção de nuvens privadas. Entretanto, aqui e ali aparecem algumas primeiras experiências em nuvens públicas, como o contrato que a cidade de Los Angeles assinou com o Gmail, serviço de nuvem pública do Google. Pode ser um sinal de quebra de paradigma.

 Mas o uso de nuvens públicas ainda abre muitos questionamentos para o setor público, principalmente no tocante a segurança e privacidade dos dados e a disponibilidade do serviço. Também a questão dos aspectos legais, uma vez que o órgão de governo deixa de ter controle sobre a jurisdição de onde os dados estarão residindo.

Governos, claro estão preocupados em reduzir custos de suas atividades, mas também se preocupam com as questões de privacidade, acesso a dados e segurança, uma vez que estão na maioria das vezes tratando de informações que dizem respeito aos seus cidadãos.

 A Computação em Nuvem traz benefícios claros para os órgãos de governo, como:

 Economia de escala. As organizações e empresas governamentais podem comoditizar suas infraestruturas de TI, criando nuvens computacionais que extrapolem empresas e departamentos.

Gestão. Uma infraestrutura comoditizada e operando em nuvem permite que os gestores de TI se preocupem muito mais com as necessidades do negócio em si e menos com questões técnicas.

Elasticidade. Os governos tem dificuldades em adquirir tecnologias de forma rápida. Os processos de compra são burocráticos e lentos. Muitas vezes são obrigados a superdimensionar as configurações contratadas, para minimizar o problema das futuras expansões ou para atender  períodos específicos de alto utilização, como por exemplo, o último dia do recolhimento do Imposto de Renda. Com a infraestrutura tecnológica concentrada em nuvens computacionais, conseguem expandir ou reduzir suas necessidades computacionais sem necessidade de passar pelos demorados processos de compra. 

 Mas, por outro lado, existem alguns riscos e cuidados que os governos devem atentar:

 Localização dos dados. De maneira geral os usuários não precisam saber onde os seus dados estão armazenados nas nuvens computacionais públicas. A premissa das nuvens é ser transparente. Pelo fato de muitos dos provedores serem empresas globais, estes dados podem estar residindo em outros países. Esta é uma situação que pode gerar alguns questionamentos legais.

Segurança. É absolutamente necessário ter garantias que os dados classificados como confidenciais estejam armazenados de forma segura e que sejam acessados apenas pelos usuários autorizados.

Auditoria. É necessário que seja plenamente possivel rastrear as movimentações em cima dos dados para atender eventuais demandas de investigações.

Disponibilidade e confiabilidade. Os dados precisam ser sempre acessados quando necessário. Mas, se o provedor de uma nuvem sair do mercado, o que acontecerá com os dados armazenados em seus data centers?

Portabilidade e aprisionamento. Os governos não podem ficar presos à determinado fornecedor de tecnologia ou provedor de srviços. Muitas nuvens ainda são fechadas, impedindo que as aplicações interoperem com outras nuvens. Algumas nuvens forçam inclusive que a linguagem de programação a ser usada na sua platforma seja proprietária, como a Force.com. Outras plataformas, como o Google AppEngine impõem um banco de dados proprietário (BigTable).

 Portanto, os gestores de TI de governo devem tomar cuidados redobrados, quando desenhando suas estratégias de Computação em Nuvem. De qualquer maneira podemos pensar em algumas alternativas de uso de computação em nuvem no âmbito de órgãos de gverno. Talvez a modalidade que se tornará mais comum seja a de órgãos de governo adotando este conceito nos seus próprios data center. Estamos falando aqui de uma nuvem privada para uma única entidade. Mas existem outras opções. Veremos também empresas públicas de serviços de TI criando suas nuvens e as oferecendo para seus clientes, também entidades públicas. Outra opção, esta inovadora, poderá ser a de um agrupamento de entidades de governo que pertençam a um mesmo setor (como um ministério) reunindo seus recursos de infraestrutura e criando uma nuvem. A gestão desta nuvem será das próprias entidades e a diferença é que não será uma empresa, mas sim uma junção dos seus recursos computacionais criando um data center virtual.

 E quem sabe não veremos, embora, provavelmente apenas em um horizonte um pouco mais distante, o uso de nuvens públicas para determinadas aplicações como email, colaboração (webcasts, blogs e wikis) e mesmo desenvolvimento de aplicações?  O uso da Web 2.0 como interface de interação com o serviço público deverá aumentar significativamente nos próximos anos e seu uso a partir  nuvens públicas pode ser uma boa opção em termos de custos e flexibilidade.

 O cenário mais provavel será similar ao que veremos em empresas privadas, um cenário híbrido, com algumas aplicações em nuvens públicas, e a maioria ou em nuvens privadas ou em servidores dedicados, como vemos hoje no modelo tradicional. Um bom exemplo de uso de cloud computing em governo é a iniciativa do governo americano chamado de Apps.gov, que pode ser visto em https://apps.gov/cloud/advantage/main/start_page.do.

Outro exemplo de uso de cloud é o do próprio portal do governo americano, o USA.gov (www.usa.gov), que reside em um provedor de nuvem pública, chamado Terremark. Este web site foi projetado para concentrar a interação dos cidadãos com o governo americano, direcionando as pessoas aos diversos serviços prestados pelo governo, serviços estes que residem nos sites específicos das diversas agências governamentais. É muito acessado, contabilizando mais de 100 milhões de visitas diárias. Como o site é um hub para acesso às informações críticas do governo, o volume de tráfego varia substancialmente. Com o modelo de nuvem (Iaas ou Infrastructure-as-a-Service) o governo americano mantém um contrato pagando por uma infraestrutura que atende ao volume médio e só dispendendo mais dinheiro quando e se o tráfego aumenta. Não precisam ter uma infraestrutura dimensionada para os volumes de pico. Segundo seus gestores, os custos anuais com o USA.gov cairam de 2,5 milhões de US$ para 800.000 US$. Baseado nos resultados positivos, o governo americano projeta expadir o uso de cloud para o Data.gov (www.data.gov), site que hospeda informações do governo disponibilizadas para os cidadãos e também criar APIs para o USA.gov e Data.gov de modo que os usuários possam desenvolver suas próprias aplicações mash-up, acessando informações  sem ter que passar pelo cardápio oferecido pelos sites. Vale a pena dar uma olhada nestes exemplos.

 Para finalizar, uma das mais completas e claras definições de cloud computing estão dsponiveis no NIST (US National Institute of Standards and Technology), que define padrões para o governo americano, Vejam o documento em http://csrc.nist.gov/groups/SNS/cloud-computing/cloud-def-v15.doc.