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Cloud Computing em Open Source

janeiro 25, 2010

Cloud Computing começa, aos poucos, a se disseminar e já vemos as primeiras experiências baseadas em Open Source, existindo, inclusive diversos projetos muito interessantes, como:

 a) Hadoop. É a versão open source do MapReduce do Google. http://hadoop.apache.org/

b) OpenCirrus:  https://opencirrus.org/

c) Reservoir:  http://www.reservoir-fp7.eu/

d) Enomalism: www.enomalism.com

e) Eucalyptus: www.eucalyptus.com

 Na medida do possível vou, em futuros posts, detalhar um pouco mais cada um destes projetos. Neste, vou analisar resumidamente um deles, que é o Eucalyptus, que significa “Elastic Utility Computing Architecture Linking Your Programs To Useful Systems”. Curioso como estes nomes aparecem, não?

 O Eucalyptus surgiu como um projeto Open Source acadêmico, na UCSB (University of California, Santa Barbara). O Eucalyptus Open Source é encontrado em http://open.eucalyptus.com/. Mas, recentemente foi criada a Eucalyptus Systems para oferecer suporte e desenvolver produtos adicionais ao sistema Open Source (www.eucalyptus.com).

 Uma boa descrição técnica do projeto, Technical Report Number 2008-10, pode ser obtido em http://open.eucalyptus.com/documents/nurmi_et_al-eucalyptus_tech_report-august_2008.pdf . Também podemos ver uma descrição mais sucinta do sistema em um paper disponibilizado no IBM developerWorks: http://www.ibm.com/developerworks/opensource/library/os-cloud-virtual1/ .

 O Eucalyptus implementa o conceito de IaaS (infrastructure-as-a-Service), implementando nuvens privadas (nuvens on premise). Também, por ser um ambiente compatível com o EC2 da Amazon, permite que as nuvens privadas criadas por ele, interajam com a nuvem publica da Amazon, pois usa o mesmo interface de programação. A NASA tem um projeto de Cloud Computing baseado no Eucalyptus, que é o NEBULA. Este projeto pode ser visto em http://nebula.nasa.gov/. A empresa farmacêutica Lilly também é um case interessante, pois criou uma nuvem privada que interage com a nuvem da Amazon. Recentemente o Eucalytpus foi incorporado à iniciativa de Cloud Computing Open Source do Ubuntu, que é uma bem conhecida distribuição Linux. A base desta iniciativa, o Ubuntu Enterprise Cloud (UEC), é o Eucalyptus (http://www.ubuntu.com/cloud). O Eucalyptus pode também ser instalado em outros ambientes Linux, como os das distribuições RedHat e Debian.

 Segundo algumas estimativas, o Eucalyptus Open Source tem uma média de 15.000 downloads mensais. Na minha opinião é uma alternativa de implementação de Cloud Computing que deveria ser vista com atenção pelas universidades, projetos acadêmicos e empresas de serviços que pretendem disponibilizar nuvens públicas para seus clientes e que tem condições (leia-se investimentos e técnicos capacitados) de implementar soluções de Cloud Computing baseadas em projetos Open Source.

Cloud Computing: um survey informal

janeiro 21, 2010

Participei, no ano passado, de vários eventos sobre Cloud Computing. Nestes eventos tive a feliz oportunidade de debater o assunto com diversos executivos de TI e de negócios. Estas conversas me permitiram criar um survey informal sobre o que eles consideram como principais benefícios, mas também quais são suas principais preocupações.

 Entre as expectativas de benefícios, além da redução de  investimentos em capital e custos operacionais, que aparece em primeiro lugar, observei que muitos executivos consideram também o potencial da empresa obter mais flexibilidade e velocidade às demandas por recursos de TI, principalmente quando se fala em aplicações SaaS. Curioso que alguns executivos de negócios (não TI) tem expectativa de poderem, inclusive, byapassarem as áreas de TI e adquirirem recursos computacionais e softwares (modalidade SaaS) diretamente dos provedores de nuvens. É mais ou menos o que aconteceu quando do surgimento do modelo cliente-servidor no início dos anos 90. Na minha opinião isto é uma verdadeira bomba relógio em potencial, pois pode levar a inúmeros problemas de integração entre sistemas nas nuvens públicas e os legados, estes residentes em servidores in-house. Portanto a área de TI não pode, em absoluto ficar omissa diante do crescimento da onda de Cloud Computing/SaaS. Tem que liderar o processo.

 Nas conversas identifiquei que existem muitas preocupações e receios quanto ao uso de Cloud Computing. Muitos dos receios são causados pelo desconhecimento e o clássico e conhecido “medo do novo”. Lembram-se que dez anos atrás muitos diziam que “jamais colocarei o número do meu cartão de crédito na Internet?”. Mas muitas das preocupações tem fundamento. Por exemplo, a maior preocupação dos executivos é quanto às questões de segurança e privacidade. Depois vemos os desafios de integrar nuvens computacionais e aplicações SaaS à infraestrutura já existente nas empresas, a falta de padrões que permitam interoperabilidade entre nuvens de diferentes provedores (e o receio do aprisionamento forçado a um determinado provedor), as dúvidas de como definir ROI para a implementação de nuvens e de como exigir garantias de niveis de serviço dos provedores de nuvens.

 Interessante que não observei preocupações com modelos de governança referentes ao uso de nuvens. O que é bem compreensível, pois ainda estamos na fase de aprendizado. Com certeza, à medida que as empresas forem adotando nuvens computacionais veremos as questões referentes à governança e práticas de gestão surgirem com mais ênfase.

 Mas, identifiquei também que existe quase um consenso que Cloud Computing vai afetar em muito a maneira como TI é adquirida, gerenciada e utilizada. Para mim é um sinal claro que os executivos com quem conversei olham o assunto com seriedade e não apenas como mais um hype, típico do mundo da TI. Acredito que agora em 2010 veremos muitas empresas colocando nuvens públicas e privadas nas suas estratégias de TI. Deveremos sair das questões básicas tipo “o que é Cloud Computing” para discussões mais aprofundadas de como e quando implementar nuvens e com isso veremos acontecer muitas experimentações e provas de conceito.

De volta à ativa: proposições de valor para Cloud Computing

janeiro 11, 2010

De volta à ativa. Primeiro post de 2010. O tema, claro que é Cloud Computing! Lemos todo ano reportagens e artigos sobre tendências tecnológicas para o ano novo. Bem, para não ficar de fora, tirei do armário a minha bola de cristal e a lustrei para dar uns pitacos sobre o que esperar de Cloud Computing em 2010.

 Provavelmente veremos Cloud sair da fase de curiosidade e entrar aos poucos nas estratégias de TI das empresas. Será um ano de experimentações e de projetos proof-of-concepts. Alguns aspectos da computação em nuvem já passaram desta fase, como aplicações SaaS de automação de força de vendas, como proposto pelo Salesforce. Vemos, também aos poucos, os usuários finais começando a se acostumar com Google Docs, embora ainda muito arraigados ao velho modelo (e hábito) de instalar no seu micro o pacote Office.

 É indiscutível que muitas empresas estão prestando atenção à Cloud Computing, embora estejam receosos quanto aos seus aspectos de  segurança, privacidade e disponibilidade. Este cenário aponta para um interesse maior em nuvens privadas. Nuvens privadas podem ser consideradas como um passo posterior e evolutivo dos processos de virtualização já em andamento em muitas empresas. Portanto 2010 será um ano bem interessante para Cloud Computing.

 Mas, um questionamento bastante comum quando se aborda este assunto é sobre sua proposição de valor. Existem muitas e diferentes perspectivas e uma única certeza: confusão e desinformação ainda estão muito disseminados. Redução de custos  de infraestrutura e transformação de custos fixos de TI em variáveis vem sendo um dos mais importantes discursos da computação em nuvem. Mas será que todas as empresas esperam estes mesmo beneficios e na mesma intensidade?

 Vamos tentar avançar um pouco. Primeiro, vamos fatiar o elefante em bifes. Vamos falar das soluções de nuvens de infraestrutura, modelo Infrastructure-as-a-Service. Mas, mesmo concentrando o foco, a proposição de valor destas nuvens é diferente quando olhamos sob a ótica das pequenas ou das grandes empresas.

 As pequenas  empresas, com áreas de TI informais, geralmente com budgets minimos ou até mesmo inexistentes, esperam que cloud computing seja a solução para reduzir seus investimentos em capital. Adquirir alguns servidores e mantê-los em operação pode representar um custo elevado para estas empresas. O uso de nuvens públicas permite pensar de forma diferente. Usar uma infraestrutura já montada e com niveis de segurança e disponibilidade melhores que os limitados recursos que a pequena empresa geralmente dispõe é uma proposição de valor bastante significativa.

 Por outro lado, as grandes empresas tenderão a adotar nuvens privadas ou mesmo híbridas, e portanto buscam proposições de valor diferentes. Como ainda investem em capital (conservam e evoluem seu parque de servidores) as proposições de valor concentram-se principalmente na redução dos elevados custos de gerenciamento e suporte desta infraestrutura e na melhoria dos niveis de serviço e velocidade de implementação de novos projetos.

 Portanto, cloud computing pode e provavelmente será adotado por proposições de valor diferentes. Reduzir custos de infraestrutura física em uma grande empresa que se proponha a adotar uma nuvem privada não vai representar valor significativo pois ele ainda terá que investir e manter seus servidores. Por outro lado, eliminar os investimentos em servidores e staff técnico de uma pequena empresa, colocando sua infraestrutura em uma nuvem pública tem forte apelo financeiro. Os CFOs vão adorar!